sábado, 19 de setembro de 2015

Alexandre Magno

 <

             
          >>Alexandre, o Grande. Este mosaico, encontrado em 
            Pompéia, foi feito em 310 a.C. <<

Alexandros III Philippou Makedonon
(356-323 B.C.)

  Alexandre, o grande,  estava destinado à grandeza quase desde o momento que nasceu em 356 a.C no palácio de Pela, Macedônia..
 Embora a data exata do seu nascimento não seja confirmada (20 de julho é a mais aceita), as lendas contam que nesse dia o templo de Artemisa se incendiou — Um sinal de que Alexandre cresceria para a grandeza. 
 Filho do rei Filipe II e da rainha Olímpia, princesa do Epiro, cedo se destacou como um rapaz inteligente e intrépido.

Alexandre, o Grande








         CURIOSIDADES
      
         
      Quando tinha 13 anos, seu pai incumbiu um dos homens mais sábios da sua época, Aristóteles, de educá-lo. Alexandre aprendeu as mais variadas disciplinas: retórica, política, matemática, ciências físicas e naturais, medicina e geografia, ao mesmo tempo em que se interessava pela história grega e pela obra de autores como Eurípides e Píndaro. Também se distinguiu nas artes marciais e na doma de cavalos, de tal forma que em poucas horas dominou Bucéfalo, que viria a ser sua inseparável montaria.  

      O jovem príncipe também gostava, particularmente, de ler os trabalhos de Homero. De fato, ele adorava tanto a Ilíada que adotou Aquiles como seu exemplo de vida. 

      Apesar do apelido dado por causa da grandeza de suas conquistas, media apenas 1,52m.

      Tendo por mãe uma princesa epirana, Alexandre acreditava ser descendente de Aquiles que foi cultuado como um deus e um dos grandes personagens da batalha em Tróia. Segundo a lenda, Aquiles foi atingido no calcanhar por uma traiçoeira flecha disparada pelo amante de Helena, Páris - também conhecido pelo nome de ALEXANDRE.  
      
      Com apenas 16 anos, já se encarregava das colônias quando o Rei Filipe estava de viagem. Nesta mesma época, fundou sua própria colônia, Alexandroupolis.
      Na arte da guerra recebeu lições do pai, militar experiente e corajoso, que lhe transmitiu conhecimentos de estratégia e lhe inculcou dotes de comando. O enérgico e bravo jovem teve oportunidade de demonstrar seu valor aos 18 anos, quando, no comando de um esquadrão de cavalaria, venceu o batalhão sagrado de Tebas na batalha de Queronéia em 338 a. C. Alexandre destaca-se nesta batalha, comandando a cavalaria macedônia.
       Em 337 a.C. Filipe II casou-se com uma jovem chamada Cleópatra, sobrinha de Átalo, nobre importante macedônio. Olímpia ficou assim preterida e se exilou no Épiro com seu filho Alexandre, pois este entrara em conflito com seu pai. Só em 336 a.C. é que Alexandre se reconciliou com Filipe II e volta à Macedônia.
       Alexandre tinha uma irmã também chamada Cleópatra (356-308 a.c), filha de Olímpia e do rei Filipe. 
       A irmã se casou com o meio irmão de Olímpia, Alexandre de Epiro. Durante as festividades, o pai da noiva, rei Felipe,  foi assassinado por Pausânias em 336 a.C. O criminoso foi capturado e morto imediatamente. Há suspeitas que o mandante tenha sido o rei persa ou, quem sabe, por vingança da esposa Olímpia. Há a suspeita também de que Alexandre conhecia o plano para eliminar o pai.  
       A segunda esposa do pai de Alexandre  foi forçada a cometer suicídio e seu filho com  Filipe foi morto.
Depois do assassinato de seu pai , Alexandre, com 20 anos, subiu ao trono da  Macedônia e se dispôs a iniciar a expansão territorial do reino. Para tão árdua empresa contou com poderoso e organizado exército, dividido em infantaria, cuja principal arma era a sarissa (lança de 5,5 metros de comprimento), máquinas de guerra (como catapultas, aríetes e as balistas)  e cavalaria, que constituía a base do ataque.  

O início das suas conquistas

Imediatamente depois de subir ao trono, Alexandre enfrentou uma sublevação de várias cidades gregas e as incursões realizadas no norte de seu reino pelos trácios e ilírios, aos quais logo dominou. Em contrapartida, na Grécia, a cidade de Tebas opôs grande resistência, o que o obrigou a um violento ataque no qual morreram milhares de tebanos.
Pacificada a Grécia, o jovem rei elaborou seu mais ambicioso projeto: a conquista do império persa, a mais assombrosa campanha da antiguidade. 
Em 334 cruzou o Helesponto, Alexandre penetrou na Ásia Menor, visitou as ruínas de Tróia, em memória de Aquiles, o seu herói preferido.
Avançou até o rio Granico, onde enfrentou os persas pela primeira vez e alcançou importante vitória. Prosseguiu triunfante, arrebatando cidades aos persas, até chegar a Górdia, onde cortou com a espada o "nó górdio", o que, segundo a lenda, lhe assegurava o domínio da Ásia.
Ante o irresistível avanço de Alexandre, o rei dos persas, Dario III, foi a seu encontro. Na batalha de Isso (333) consumou-se a derrota dos persas. A família de Dario - sua mãe, sua esposa, duas filhas e um filho - cai prisioneira de Alexandre, assim como o enorme tesouro que o rei persa levara para Damasco. Alexandre trata toda família com respeito. Dario foge com o que resta de seu exército. Assim se deu o inicio do ocaso do grande império.

Depois de vencer o rei persa na Ásia Menor, Alexandre se empreendeu na conquista  das cidades fenícias (332 a. C.). A cidade na ilhota de Tiro se recusou e por isso o rei macedônio assediou-a e começou a construir uma ponte flutuante com 60 metros de largura, desde a praia até a ilha. numa distancia de 780 metros. Ele usou os escombros da velha cidade de Tiro, limpando completamente o terreno, para fazer sua "estrada" levando-a até a cidade na ilha de modo que ela é hoje uma península.. Depois de um cerco de sete meses, ele tomou a cidade. Sua fúria contra os tírios foi grande; ele matou 8.000 dos habitantes e vendeu outros 30.000 para a escravidão , inclusive mulheres e crianças. 
A cidade de Gaza, no sul da Palestina, foi a próxima a ser sitiada e cai após 2 meses de cerco. Após essas grandes conquistas o rei macedônio  viajou para o Egito com o seu temido exército.

  
O sonho de Alexandrede unir a cultura oriental à ocidental, começou a concretizar-se. Os detalhes dessa viagem ao Egito, realizada em 331 a.C., foram preservados por Estrabão em sua Geografia. Depois de derrotar Dario III dedicou-se à conquista de todos os portos com importância estratégica nos litorais da Síria e da Palestina. O passo seguinte foi ocupar o Egito, sob o domínio persa desde 525 a.C., quando o rei Cambises, filho de Ciro o invadiu.
       Diferente dos persas, Alexandre fez uma campanha pacífica, sem grandes derramamentos de sangue, encerrada rapidamente quando o sátrapa (governador colonial) persa rendeu-se sem luta em Mênfis. Diz a lenda que o principal objetivo de Alexandre ao invadir o Egito era garantir seu acesso ao oráculo que profetizava em um oásis no interior do Deserto Ocidental.  O rei da Macedônia iniciou um processo pessoal de orientalização ao tomar contato com a civilização egípcia. Respeitou os antigos cultos aos deuses egípcios, ao contrário dos antigos reis persas, e até se apresentou no santuário do oásis de Siwa.

 Influência de Alexandre no Egito

         Quando Alexandre, O Grande, entrou no Egito, iniciou-se uma nova dinastia de faraós gregos. A dinastia ptolemaica surgiu após a morte de Alexandre com Ptolomeu I, homem de confiança de Alexandre, sendo o precursor. Essa dinastia que durou 300 anos deu origem a famosa Cleópatra VII que perdeu o poder para os  e romanos. Isso fez com que a era dos faraós terminasse no Egito. Os romanos então ocuparam o Egito, que fez parte do Império do Oriente até a conquista árabe, quando o poder passou aos mamelucos. A expedição francesa ao Egito, comandada por Napoleão Bonaparte durou de 1798 até 1801. Nessa expedição foi encontrada a famosa Pedra de Roseta que foi a base para a decifração dos Hieróglifos
 
       
   Oráculo de Siwa era inspirado no  deus Amon-Zeus-Júpiter que manifestava-se através de seus sacerdotes. Derivada do latim orare (“rezar” ou “falar”), a palavra oráculo designa tanto o local onde são feitas profecias ou adivinhações quanto as pessoas que as fazem. Tais pessoas seriam inspiradas por uma entidade identificada com um local definido – como Delfos, na Grécia, ou Siwa, no Egito. Isso porque se acreditava que curas, tratamentos terapêuticos, profecias e adivinhações podiam ser induzidos por meio de um processo conhecido como “incubação”. Os consulentes eram levados a passar por um retiro no templo do oráculo, meditando e dormindo ali para que mensagens fossem transmitidas pelos deuses através de sonhos ou de visões proporcionadas pelas forças tectônicas (chtonian), que segundo a mitologia, governam o mundo subterrâneo e podem ser invocadas por sacerdotes iniciados nos rituais e encantamentos necessários.   
      
   No caso da visita de Alexandre a Siwa, o procedimento parece ter sido um tanto fora do comum, o que pode ser explicado pela importância do visitante. Calistenes, historiador oficial da corte Macedônia e sobrinho de Aristóteles, relata que o oráculo funcionava num templo construído sobre uma rocha, denominada por ele de “acrópole”. Ao se aproximar do local, Alexandre foi recebido por sacerdotes enviados para encontrar o rei aos pés da rocha. Já no interior do templo, foi saudado pelo sumo-sacerdote de o deus Amon- em grego Amun, " o oculto"-  em Siwa, que, dirigindo-se a ele (provavelmente em grego, idioma em que não era fluente), cometeu, segundo Plutarco, um erro de pronúncia, dando a entender que o deus (Júpiter-Amon) acolhera o conquistador macedônio como seu próprio filho. Mestre da propaganda, Alexandre usaria mais tarde o caso como “prova divina” de sua predestinação para governar o Egito e unificar Ocidente e Oriente.

                                               
                                        interior do oráculo de Amon


         Junto com um pequeno grupo de acompanhantes, Alexandre postou-se no pátio do templo enquanto era realizada a procissão dedicada a Amon. A imagem do deus foi colocada num barco, carregado nos ombros dos sacerdotes. A descrição é do arqueólogo egípcio Ahmed Fakhry, tomando como base os relatos clássicos de Plutarco, Arriano e Pausânias. “Mulheres versadas em música, jovens e velhas, trajando vestes brancas, dançavam e cantavam. Toda a procissão marchou em torno do pátio do templo, dando várias voltas na presença de Alexandre e de seus acompanhantes, até que o sumo-sacerdote anunciou que ocoração do deus estava satisfeito com o ritual. Relutante em fazer perguntas diante de seus acompanhantes, o conquistador macedônio pediu para ficar sozinho com o deus. Foi então conduzido ao cella (santuário) do templo, onde estava guardado seu barco sagrado. Depois de passado algum tempo, retornou para juntar-se aos seus amigos, que lhe perguntaram sobre o que havia acontecido e quais eram as respostas do oráculo.  O soberano respondeu apenas que tudo havia ocorrido de acordo com suas melhores expectativas. Ele manteve as consultas em segredo absoluto, e ao escrever posteriormente para sua mãe, Olímpia, contou ter recebido certas respostas confidenciais do oráculo, que iria comunicar só a ela, pessoalmente, quando voltasse à Macedônia. Mas, depois de visitar Siwa, Alexandre prosseguiu com suas campanhas para conquistar a Ásia e não viveu para reencontrar-se com a mãe. Morreu oito anos mais tarde levando o segredo com ele para a tumba.”

 Alexandria   
 Em 332 a.c. Alexandre fundou Alexandria. Após a morte do conquistador, a cidade viria a converter-se num dos grandes focos culturais da antiguidade, pois lá foi criada  a maior biblioteca do mundo fundada pelo general e amigo de Alexandre, Ptolomeu I, Essa biblioteca possuíamilhares de exemplares, o que atraiu um grande número de pensadores e tornou-se um reduto de alquimista.
Alexandre "o Grande" foi quem teria disseminado a alquimiadurante suas conquistas aos povos Bizantinos e posteriormente aos Árabes.

Imagem da possível Alexandria

 Depois de submeter a Mesopotâmia, Alexandre enfrentou 
novamente Dario na batalha de Gaugamela (331), cujo resultado determinou a queda definitiva da Pérsia em poder dos macedônios.  Dario, que fugiu da batalha, como da vez anterior,  foi assassinado pelos próprios persas ( 330). Em região remota e montanhosa, Persépolis era a sede do governo persa apenas na primavera. O império aquemênida era efetivamente administrado em Susa, na Babilônia, ou em Ecbatana. Isso explica por que os gregos não conheciam Persépolis até a invasão de Alexandre o Grande, que,  no ano 330 a.C., incendiou o palácio de Xerxes, provavelmente isso ocorreu porque a cidade mergulhou numa profunda desordem com os saques realizados pelos seus comandados.Alexandre o Grande foi proclamado rei da Ásia e sucessor da dinastia persa. Seu processo de orientalização se acentuou com o uso do selo de Dario, da tiara persa e do cerimonial teocrático da corte oriental. A tendência à fusão das duas culturas gerou desconfianças entre seus lugares-tenentes macedônios e gregos, que temiam um excessivo afastamento dos ideais helênicos por parte de seu monarca.
        Os confrontos se sucederam
       Alexandre descobriu uma conspiração para matá-lo e executou o general Filotas filho de Parmênion velho oficial de seu pai Felipe que também é morto.
      Durante uma festa, o oficial Clito, o Negro, que salvara Alexandre várias vezes durante batalhas e serviu a Filipe II , questionou as atitudes orientalizantes e também alegou que Alexandre tudo devia ao seu pai Filipe. Num momento de ira, Alexandre, ofendido e bêbado, empurrou os outros oficiais na sua frente e matou o amigo . Quando finalmente tomou consciência de seu ato, o grande conquistador se arrependeu e considerou aquela perda como o maior erro de sua vida.
       Em 329 a.C. aconteceu a conquista da Samarcanda, da Bactriana, da Sogdiana (região onde hoje é o Afeganistão e Turquistão)  e a tomada de Maracanda, nos confins orientais do Império Persa. Em Bactros Alexandre casou-se com Roxana, filha do sátrapa da Bactriana derrotado, com quem teve um filho chamado  Alexandre IV.             
       Durante a conjuração dos pajens e Alexandre mandou executarCalistenes, sobrinho de Aristóteles, que o acompanhava como historiador.




 Ruínas de Persépolis

 Nada impediu Alexandre de continuar seu projeto imperialista 
em direção ao Oriente, nem mesmo por sua marcha prosseguir por uma região bem desconhecida dos gregos. Para isso entrou em ação na campanha o grupo de seu estado-maior guarnecido de cientistas, historiadores, cartógrafos, engenheiros e médicos militares.
Em 326 a.c dirigiu suas tropas para a longínqua Índia, na qual fundou colônias militares e cidades, entre as quais Nicéia e Bucéfala - esta erigida em memória de seu famoso cavalo morto durante o combate contra o rei Poros às margens do rio Hidaspe. Como o rei indiano se rendeu, Alexandre o tratou com respeito e o tornou aliado. 
Os macedônios prosseguiram com sua jornada e tiveram o desprazer de se deparar com crocodilos nadando no rio e naquela época só se tinha conhecimento desse “grande lagarto” no rio Nilo... Será que então não foi fácil acreditar, erroneamente, que haviam encontrado a nascente do famoso rio egípcio? O derretimento da neve das gigantescas montanhas, que desce tanto pelo rio Indo quanto pelo Hidaspe explicaria as inundações anuais das terras egípcias? Para tirar a dúvida ordenou que seu almirante Nearcos construísse imediatamente uma frota apropriada para uma expedição, enquanto prosseguia com o restante na sua conquista ao mundo desconhecido.

A chuva dos trópicos havia começado, as matas emaranhadas, antes secas transformaram-se em terríveis florestas lamacentas: já não podiam mais acender fogo, secar a roupa tão desgastada ou cozinhar. Além disso tinham que enfrentar os insetos sugadores de sangue, os tigres famintos, as cobras venenosas, os elefantes usados como tanques de guerra pelos adversários indianos...   
Pouco tempo depois, ao atingir o rio Hifásis, atual Bias, suas tropas, exaustas por enfrentar a indomável natureza da região, se amotinaram.Os homens, representados pelo oficial Coinos, imploraram a volta a Macedônia.
 Alexandre, profundamente magoado, foi forçado a regressar à Pérsia, sem antes desbravar a verdadeira Índia, nas regiões do Ganges... 

326 Alexandre e seu exército descem o Indo, conquistando os povos ferozes que encontram no caminho. Durante a batalha contra os Mallians, uma flecha perfurou o pulmão de Alexandre e enfureceu tanto as tropas que elas entraram na cidade massacrando todos. Alexandre passa quatro dias à beira da morte
325 Chegam à costa do oceano Índico.  Enquanto uma parte do seu exército voltou, explorando o desconhecido mar, o grande soberano marchou ao longo da costa em direção à pátria atravessando o deserto de Gedrósia e a Carmânia. Nessa caminhada forçada milhares de seus comandados morreram.
Em 324 a.C. Alexandre retornou a Persépolis e a Susa. Celebra-se aí o casamento de Alexandre com Estatira ou Statira, filha de Dario. Seus oficiais e 10 mil soldados gregos casaram-se, no mesmo dia, com mulheres persas. Já na Babilonia, durante uma festa, o grande conquistador foi acometido por uma febre desconhecida que nenhum de seus médicos soube curar.
         

         Alexandre o Grande morreu na Babilônia, a 13 de junho de 323 a.C., com a idade de 33 anos. O império que com tanto esforço edificou, e que produziu a harmoniosa união do Oriente e do Ocidente, começou a desmoronar, já que só um homem com suas qualidades poderia governar território tão amplo e complexo, mescla de povos e culturas muito diferentes.


Mapa das conquistas de Alexandre
     Clique AQUI para ver a imagem ampliada.




       Após a morte de Alexandre (323 a.C.), o império acabou se desagregando, pois as importantes regiões da Pérsia e da Índia reconquistaram sua independência. Entretanto, as conquistas de Alexandre contribuíram decisivamente para a helenização do Oriente. Denominamos de helenização o processo de difusão da cultura grega nas regiões conquistadas pelo império de Alexandre, promovendo a fusão de elementos da cultura clássica com a cultura oriental. O resultado desta fusão é o surgimento de centros irradiadores da cultura helenística, como a cidade de Alexandria no Egito, local de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, O Farol de Alexandria. Sua biblioteca, fundada pelo general e amigo de Alexandre, Ptolomeu I,  tornou-se um dos mais importantes centros de produção cultural e constituiu, provavelmente, o maior acervo da Antiguidade, com cerca de 500 mil obras.


 Tumba pode estar escondida 
No início de 1995, a arqueóloga grega Liana Souvaltzi anunciou ter encontrado nas imediações de Siwa uma sepultura em estilo macedônio, que afirmou ser de Alexandre. A identificação teria sido possível graças a três tabletes de pedra com inscrições, achados no local. Segundo ela, um dos tabletes teria sido escrito por Ptolomeu I, homem de confiança de Alexandre, e precursor da dinastia ptolemaica no Egito que deu origem a famosa Cleópatra VII, e confirmaria uma lenda segundo a qual o conquistador morrera envenenado. Logo em seguida, o anúncio foi desmentido por uma equipe de especialistas do governo grego, liderada pelo secretário-geral do Ministério da Cultura da Grécia, George Thomas, que visitou o local e afirmou ter dúvida até de que a estrutura escavada pela arqueóloga fosse mesmo uma tumba. Ele levantou a hipótese de que, na verdade, o monumento seria um pequeno templo. Thomas e outros integrantes da equipe oficial disseram que o estilo do complexo não era macedônio, ao contrário das alegações de Liana Souvaltzi, e acrescentaram acreditar que as ruínas eram romanas e pertenciam a um período muito posterior ao de Alexandre e Ptolomeu I.

        Conclusão

Alexandre não conseguiria tamanha façanha se não tivesse o apoio de um exército de homens devotados, especialmente o seu exército de engenheiros. Como enfrentaria exércitos superiores em número, sem a construção de catapultas e aríetes, e como calcularia o ângulo e a distância dos arremessos das balistas para atingirem os alvos com precisão? Como o rei Macedônio construiria navios para enfrentar seus inimigos vindo do mar ou explorar rios selvagens?
Sem  a determinação dos engenheiros, Alexandre e seu exército de homens e cavalos não teriam como transpor rios largos para prosseguir sua marcha. Será que conseguiria, sem a criatividade dos soldados projetistas, que tiveram a idéia de usar sacos de couro flutuantes, cheios de ar e palha, para sustentarem troncos de madeira amarrados um no outro e assim formar balsas? Será que sem os cálculos dos engenheiros militares saberia quantos desses sacos seriam necessários para obter uma ponte suficientemente resistente para passar todo o exército com total segurança?  

  As respostas estão no livro:   Caio Zip em: Alexandre, o Grande.



                    
                                 CATAPULTA


          
            falange de P. Conolly
                                         FALANGE
A falange , criada por rei Filipe, com suas sarissas
(lanças de mais de 5 metros), era capaz de enfrentar tanto uma cavalaria pesada como choques frontais dos carros de combate do inimigo.    


                         
      Torre com ariete na base usada para invadir cidades fortificadas





                  
                                      BALISTA
Para se armar a balista era necessário puxar a corda para trás usando a engrenagem. Como uma gigantesca besta, conforme a corda era tensionada colocava-se um  dardo de cabeça metálica ou com ponta incendiária e então disparava.

Alexandre, o Grande


 

        
  • Quando Alexandre tinha 13 anos, seu pai incumbiu um dos homens mais sábios da sua época, Aristóteles, de educá-lo. Alexandre aprendeu retórica, política, matemática, ciências físicas e naturais, medicina e geografia, ao mesmo tempo em que se interessava pela história grega e pela obra de autores como Eurípides e Píndaro. Também se distinguiu nas artes marciais e na doma de cavalos, de tal forma que em pouco tempo dominou Bucéfalo, que viria a ser seu inseparável cavalo. 

  • Alexandre era admirador dos trabalhos de Homero,  ele gostava tanto de Ilíada que adotou Aquiles como seu exemplo de vida.

  • Apesar do apelido dado por causa da grandeza de suas conquistas, Alexandre media apenas 1,52m.

  • Alexandre acreditava ser descendente de Aquiles que em sua época foi cultuado como um deus e um dos grandes personagens da batalha em Tróia. De acordo com a lenda, Aquiles foi atingido no calcanhar por uma flecha disparada pelo amante de Helena, Páris - também conhecido pelo nome de Alexandre. 

  • Aos 16 anos, Alexandre já se encarregava das colônias quando o Rei Filipe estava de viagem. Nesta mesma época, fundou sua própria colônia, Alexandroupolis.

  • Na arte da guerra recebeu lições do pai, militar experiente e corajoso, que lhe transmitiu conhecimentos de estratégia e lhe atribuiu dotes de comando. Alexandre teve oportunidade de demonstrar seu valor aos 18 anos, quando, no comando de um esquadrão de cavalaria, venceu o batalhão sagrado de Tebas na batalha de Queroneia em 338 a. C. Alexandre destaca-se nesta batalha, comandando a cavalaria macedônia.

  • No ano de 337 a.C. Filipe II casou-se com uma jovem chamada Cleópatra, sobrinha de Átalo, importante nobre macedônio. Olímpia ficou assim preterida e se exilou no Épiro com seu filho Alexandre, pois este acabou entrando em conflito com seu pai. Apenas em 336 a.C. Alexandre se reconciliou com Filipe II e voltou à Macedônia.

  • Alexandre tinha uma irmã também chamada Cleópatra (356-308 a.c), filha de Olímpia e do rei Filipe.

  • A irmã de Alexandre  casou-se com o meio irmão de Olímpia, Alexandre de Epiro. Durante as festividades, o pai da noiva, rei Felipe,  foi assassinado por Pausânias em 336 a.C. O criminoso foi capturado e morto imediatamente. Há suspeitas que o mandante tenha sido o rei persa ou, quem sabe, por vingança da esposa Olímpia. Há a suspeita também de que Alexandre conhecia o plano para eliminar o pai. 

  • A segunda esposa do pai de Alexandre  foi forçada a cometer suicídio e seu filho com  Filipe foi morto.

  • Depois do assassinato de seu pai, Alexandre, aos 20 anos, subiu ao trono da Macedônia e se dispôs a iniciar a expansão territorial do reino. Para tão árdua campanha contou com poderoso e organizado exército, dividido em infantaria, cuja principal arma era uma lança de 5,5 metros de comprimento, máquinas de guerra (como catapultas, aríetes, balistas)  e a cavalaria, que constituía a base do ataque.  

domingo, 6 de setembro de 2015

ALEXANDRE DA MACEDÔNIA, O GRANDE



Alexandre, príncipe e rei da Macedônia, foi o maior conquistador do mundo antigo, estendendo o seu império do Mar Egeu ao Indo, do Cáspio às cataratas do Nilo, praticamente todo o mundo do seu tempo. Sua importância histórica é tida como imprescindível à cultura ocidental, considerado como quem consolidou e espalhou o helenismo pelas grandes civilizações antigas, difundido a filosofia que construiu as bases do Ocidente, sendo o precursor das idéias helenísticas mais tarde difundidas no mundo antigo pelos romanos e associados aos conceitos judaico-cristãos, na composição da atual civilização ocidental.
Personalidade controversa, movida pela intelectualidade moldada por Aristóteles, seu preceptor quando mancebo, pela vitalidade mística da mãe Olímpia, uma bacante iniciada em cultos orgíacos, pela ambição de ser um grande conquistador, trazia uma alma inquieta, conciliadora com os mundos que conquistou, violenta com os que se lhe opunham à grandiosidade de querer a glória, sanguinário com quem se lhe traísse, benevolente com aqueles que conquistava.
Se para a maioria dos historiadores foi o responsável pela expansão do helenismo, para outros foi apenas um general que acumulou glórias, deixando corromper-se pelos costumes orientais, dos quais usufruiu sem pudores, traindo os princípios filosóficos herdados de Aristóteles. Sua figura mítica confunde a história com a mitologia, na sua época, muitos consideravam-no filho do próprio deus do vinho, Dioniso (Baco), ou de Zeus (Júpiter), com lendas criadas ao seu redor que se confundem com a do mito do herói grego Aquiles.
Sua vida pessoal foi conturbada, com amores obscuros, vividos com eunucos e princesas orientais. Heféstion, amigo íntimo de toda a vida, é por muitos considerado o grande amor do imponente imperador do mundo. Sua vida breve foi marcada pela conquista do império, que não se sabe, até onde iria se tivesse vivido mais tempo, ou até onde o iria manter. Morreu aos trinta e três anos, de uma febre misteriosa. Seu império não sobreviveria à sua morte, restando o mito, a figura histórica, perpetuada por todos os milênios da humanidade.
Alexandre passou para a história como o Grande, ou o Magno. Nunca outro líder conquistou um império tão vasto em tão pouco tempo. Deixou como herança o encontro entre duas culturas, a ocidental e a oriental, quer como força motriz propulsora do helenismo ou transmissor dos valores orientais ao Ocidente. Alexandre, o Grande, riscou o céu da história como um cometa brilhante e fugaz, marcando-a para sempre.

Os Pais de Alexandre

O dia do nascimento de Alexandre III da Macedônia, diverge conforme a fonte, sendo aceitos os dias 20 e 22 de julho, em 356 a.C. Era filho de Filipe II da Macedônia e de Olímpia de Épiro. Nasceu na Macedônia, pequeno reino dos Bálcãs, ao norte da Grécia, com língua e influência direta do mundo helênico.
Filipe II era o terceiro filho do rei Amintas, sendo quando jovem, enviado para Tebas como refém. O fato seria decisivo, pois marcaria o contacto do macedônio com a cultura helênica, fundamental na sua formação. Com a morte do irmão Pérdicas III, Filipe tornou-se regente do sobrinho Amintas IV, proclamando-se rei durante aquele período. Filipe II tornou-se um rei poderoso, armando um imponente exército, com uma falange própria para o combate, ultrapassando a capacidade de manobra das milícias gregas. Filipe II assegurou as fronteiras macedônias nos Bálcãs, reforçou o seu domínio na Tessália e Trácia, sendo neutralizado em Atenas, quando já se preparava para ocupar toda a Grécia. Atenas e Tebas aliaram-se contra o rei macedônio, sendo mais tarde, sob o seu comando e do filho Alexandre, derrotadas na batalha da Queronéia, em 338 a.C.
A mãe de Alexandre era uma princesa do Épiro, conhecida como terra das bruxas, de adivinhos e das bacantes. Olímpia, segundo algumas fontes, realizava cerimônias trazendo serpentes domesticadas envoltas no corpo, comandando o coro das bacantes que a acompanhavam. A devoção de Olímpia a Dioniso, nome grego de Baco, o deus do vinho, gerou a lenda em torno do nascimento de Alexandre, que seria filho de Zeus-Sabas, o Baco do oriente. O deus no leito nupcial de Filipe e Olímpia, teria vindo em forma de serpente, entrando pelas entranhas da rainha. Filipe, ao tentar ver a intimidade da mulher no rito sexual sagrado com a serpente, teria perdido um olho pela fúria do animal-deus. Alexandre seria fruto dessa união do deus com Olímpia. O próprio Alexandre, quando se tornou o maior imperador do seu tempo, deu alento à lenda, assim, justificando a sua origem divina.
Quando criança, Alexandre não tinha os olhos da mesma cor, sendo o esquerdo azul claro e o direito castanho-escuro, o que alimentou ainda mais a lenda da sua origem divina. Além de conferir poder místico ao filho, a lenda justificava as iniciações orgíacas de Olímpia, fato que marcaria profundamente o caráter libertário e silvestre de Alexandre e, possivelmente a sua sexualidade.

Aristóteles, o Preceptor do Príncipe Macedônio

Em 343 a.C., o filósofo Aristóteles foi chamado à Macedônia para ser o preceptor do filho de Filipe II. Instalado no castelo de Ninféia de Mieza, próximo de Pella, a capital, Aristóteles iniciou o príncipe mancebo nas disciplinas de medicina, moral, geografia, metafísica, retórica, ciências físicas e naturais, problemas políticos, poesia de Homero, dos líricos, em especial, Píndaro, e dos trágicos. O filósofo grego ensinou a arte de governar ao príncipe.
A formação de Alexandre foi essencialmente helênica, contrapondo-se à da mãe Olímpia, que incentivava a natureza levada aos excessos, à brutalidade e à crueldade. O futuro conquistador levaria nos seu caráter a educação intelectual de Aristóteles e a educação física latente de Olímpia.
Nos seus ensinamentos, Aristóteles impôs a importância da superioridade da filosofia grega, tida como unidade suprema a ser assimilada pela antiguidade. A idéia de democracia grega jamais foi absorvida no todo pelo pupilo, tão pouco a supremacia do helenismo. Quando dominou o Oriente, Alexandre assimilou o que achou de mais interessante naquela cultura, mesclando-a com a helenística. O ideal de democracia grega já era decadente na própria Grécia de Aristóteles.
Os ensinamentos do preceptor formaram os pensamentos de Alexandre. Já feito rei, ele levaria sempre consigo, durante a campanha da Ásia a “Ilíada”, de Homero, sobre a guerra de Tróia, obra que revisou incansavelmente com Aristóteles. O príncipe macedônio teve um dos maiores sábios da sua época e de todos ostempos como preceptor. Os conhecimentos do mestre atingiam todos os domínios: histórico, literário, físico, matemático e lógico. Aristóteles proporcionava a educação erudita de um grande rei e estadista.
Alexandre era dotado de uma aguçada inteligência, sabendo absorver sagazmente os ensinamentos de Aristóteles, tornando-se o seu aluno preferido. Aluno e mestre travaram discussões filosóficas, mantidas por correspondências trocadas mesmo quando Alexandre estava na distante Ásia. Conceitos essenciais para aquele que entraria para a história como uma das personagens mais importantes do mundo antigo, senhor absoluto de um dos maiores impérios que já se teve notícia.

O Cavalo Bucéfalo

Ainda mancebo, Alexandre assistiu à negociação do pai por conta de um cavalo. Filipe II recusara pagar 13 talentos pelo animal, visto que ninguém o conseguia montar. O príncipe lamentou a atitude do pai em dispensar tão imponente animal. Lançou um desafio a todos os presentes de que poderia domar o cavalo.
Filipe II irritou-se com a intromissão do filho, que pôs em causa experientes cavaleiros, considerando um afronto aos mais velhos a censura do mancebo. Mas Alexandre insistiu que poderia domar aquele animal. O rei decidiu apostar com o filho, pronto para que se lhe fosse dada uma lição pela prepotência.
O episódio tornar-se-ia uma grande página na biografia de Alexandre. Usando da inteligência, o príncipe aproximou-se e agarrou o animal pelo freio, apercebera-se que o cavalo sentia-se atormentado com a própria sombra, por isto voltou-o contra o sol. Acariciou-o com as mãos, pronunciando-lhe palavras dóceis, até acalmá-lo. Subitamente montou o animal, sem lhe bater, correndo toda a brida.
Ao ver o príncipe em cima do animal, todos à volta temeram por sua sorte. Angustiado, Filipe II manteve-se calado. Com espanto viu Alexandre montar o animal com destreza e inteligência, sendo aplaudido por todos. Diante do feito do filho, o rei abraçou-o e beijou-o, dizendo-lhe que procurasse outro reino, porque a Macedônia não lhe bastava, não lhe podia conter as ambições.
Alexandre tomou o cavalo para si. Era Bucéfalo. O animal acompanhar-lhe-ia por toda uma vida, marcando como um símbolo da presença de seu dono nas batalhas que iria travar. Bucéfalo morreria, segundo algumas versões, envenenado, segundo outras, de velho, em 326 a.C., pouco tempo antes do próprio dono. Inconsolável com a perda do seu velho companheiro, Alexandre erigiu às margens do rio Hidaspes, local onde o animal morreu, a cidade de Bucéfala, em memória ao seu cavalo.
Ao domar Bucéfalo, Alexandre demonstrou cedo o seu caráter intrépido e destemido, associado à inteligência e à estratégia. Montado no animal, romperia praticamente todas as fronteiras do seu tempo, conquistando para si um colossal império, ainda pequeno diante da sua ambição sem fim.

A Batalha de Queronéia

Filipe II pôde constatar o valor enérgico e estratégico do filho ainda em seus exércitos. Na maior batalha que garantiu o seu poder sobre toda a Grécia, o rei contou com a presença do jovem príncipe.
A coalizão das cidades de Atenas e Tebas contra as pretensões expansionistas dos macedônios era a que mais atemorizava Filipe II. Uma batalha sangrenta seria travada entre os exércitos gregos e macedônios em 338 a.C., pondo fim à democracia ateniense. O episódio sucedido no dia 2 agosto daquele ano ficou conhecido como a Batalha da Queronéia.
Filipe II marchou para a planície de Queronéia, contra os gregos, com um exército composto por cerca de vinte e cinco mil infantes e cinco mil cavaleiros. À esquerda do rei encontrava-se toda a cavalaria dos Eteros, entre eles o seu filho Alexandre. Num embate violento, os exércitos atenienses foram isolados dos soldados tebanos, encontrando a derrota. O chamado Batalhão Sagrado dos tebanos teve os seus membros aniquilados, tombando um a um.
No final do dia, dois mil atenienses estavam mortos ou feitos escravos. Os exércitos tebanos sofreram grande carnificina. A vitória na Batalha de Queronéia consolidou o poderio de Filipe II, findando o período cultural e filosófico que assolara a Grécia antiga, tornando-a uma das maiores civilizações da antiguidade. Serviu para popularizar o jovem príncipe Alexandre, então com dezoito anos, que se mostrou um exímio estrategista e valente soldado.
Apesar de reconhecer a bravura do filho, Filipe II deteriorou a relação dos dois quando decidiu fazer de Cleópatra, sobrinha do poderoso Átalo, a sua segunda esposa. Durante as bodas, Átalo conclamou que a sobrinha geraria o verdadeiro herdeiro de Filipe II como rei da Macedônia. A afirmação irritou Alexandre, que lhe atirou uma taça de vinho no rosto.
O gesto de Alexandre irritou o pai. Furioso, Filipe II empunhou uma espada contra o filho, na intenção de matá-lo. Embriagado, o rei caiu, não conseguindo acertar o jovem príncipe. Irônico, Alexandre teria dito:
Meu pai quer ir da Europa à Ásia, mas é incapaz de passar de uma mesa para a outra.
Depois do incidente, Alexandre e sua mãe Olímpia, viram-se obrigados a deixar Pella, indo ela a exilar-se em sua pátria Épiro, e o jovem príncipe na Iliria. Mais tarde, Alexandre e Filipe II reconciliar-se-iam, marcando a sua volta à Macedônia.

Alexandre Torna-se o Rei da Macedônia

O reinado de Filipe II foi marcado pelo fortalecimento dos exércitos macedônios, pela expansão e subjugação dos inimigos, pela utilização da guerra e da força bruta como consolidação. O rei adquiriu ao longo do tempo, grandes aliados e inúmeros inimigos, o que lhe fez presa fácil de constantes conspirações.
Em 336 a.C., após desentendimentos com o pai, e um breve exílio, Alexandre retornou à Macedônia, assistindo à conspiração, que segundo alguns relatos, ele e a mãe Olímpia, teriam conhecimento, e que resultaria no assassínio de Filipe II por Pausânias.
Com a morte de Filipe II, gerou-se um impasse em quem seria o sucessor do rei. Átalo, fiel seguidor do rei morto, reclamava o trono para o filho nascido pouco antes do seu assassínio, fruto do segundo casamento com Cleópatra. Como tio da segunda esposa de Filipe II, Átalo esperava usar do prestígio que usufruía e tornar-se regente do sobrinho.
Outro candidato à sucessão era Amintas, filho de Pérdicas III, herdeiro legítimo do reino, de quem Filipe II usurpara o trono quando ele ainda era criança.
Alexandre, visto como o verdadeiro herdeiro do rei morto, não contava com o apoio dos mais poderosos da corte. O fato não se devia à falta de preparo do príncipe, então com vinte anos, mas ao temor de que se ele ascendesse ao trono, trouxesse consigo a mãe Olímpia, conhecida por ser uma mulher vingativa e sem escrúpulos. Os fiéis seguidores de Filipe II temiam que a rainha preterida vingasse de todos que ficaram ao lado do rei quando ele decidira dela se separar. Outros não queriam que o príncipe continuasse as guerras do pai, principalmente a obsessão pela conquista da Pérsia. A conspiração que matara o rei teria contado com a ajuda dos persas.
Mas a bravura e a coragem de Alexandre eram admiradas pelos macedônios, que lhe tinham uma grande estima. O povo macedônio considerava Alexandre um herói, sendo apreciado por sua generosidade. Alexandre teve os seus direitos reais proclamados nas ruas, gerando uma pressão popular que lhe era favorável.
Assim, aos vinte anos, Alexandre tornou-se o sucessor de Filipe II, recebendo um reino tumultuado e convulsivamente político. O jovem rei mostrou-se desde cedo um monarca de grande pulso, tomando medidas enérgicas que puseram fim às agitações e perturbações dos seus inimigos. Tão logo subiu ao trono, deixou claro que estenderia os domínios do seu reino muito além do que fora o pai.

A Carnificina em Tebas

Baseado nos princípios helênicos, Alexandre construiu o seu reinado movido pela ambição de expandir o seu reino até o outro lado extremo do mar da antiguidade. Menos eloqüente do que o pai, ele preferia a ação, a busca da magnificência da glória. Montado no seu cavalo Bucéfalo, ele comandou um grande exército, seguindo sempre para o leste, expandido as suas fronteiras.
O caráter de Alexandre, o homem, é visto conforme o lado que se quer estudar do mito. Não se pode ter a visão contemporânea, pois estaríamos a limitar à crueldade a essência de um homem que viveu mais de dois milênios atrás, numa época em que os reinos conquistavam as suas fronteiras através da guerra e do fio das espadas sedentas de sangue. Para manter o reino herdado de um rei que o usurpara e o transformara em grande através de guerras e do sangue derramado, Alexandre utilizou-se da razão que lhe ensinara o mestre Aristóteles, e da essência brutal dos pais, fundamental para que sobrevivesse às hostilidades que o levariam a um império gigantesco, tomado a outros povos.
As diversidades foram aos poucos, limadas de forma bruta e muitas vezes, cruel. O jovem resolveu as diferenças com Átalo, que simplesmente foi assassinado. Olímpia assegurou que o filho não corresse o risco de um dia ser traído e ter o trono usurpado pelo irmão, o segundo na sucessão, filho de Filipe II com Cleópatra. Para isto, fez com que fosse assassinado, e que a mãe cometesse suicídio. Olímpia não só afastava possíveis fantasmas futuros, como também regozijava uma vingança pessoal sobre os que lhe arrastara ao exílio e à expulsão da Macedônia. Alexandre, consta em relatos, teria repudiado os atos da mãe, mas nada fez para evitá-los. Era o preço de herdar um reino construído pela força.
No ano de 335 a.C., Alexandre consolidou o seu poder nos Bálcãs; atravessou o Istro (Danúbio); e, enfrentou mais uma vez a elevação dos gregos. Os helenos sentiam-se humilhados por verem a sua cultura propagada por um macedônio, povo que consideravam inferior.
Apesar da assembléia federal realizada em Corinto reconhecer a hegemonia de Alexandre, os gregos viram-se incitados pelo rei persa Dario a mover uma guerra ao rei macedônio. Dario enviou dinheiro às cidades-estados gregas, para que se armassem contra Alexandre. Somente Atenas recusou a ajuda persa, mas Demóstenes aceitou a ajuda de trezentos talentos, utilizados para instalar uma revolta contra Alexandre.
Os exércitos de Alexandre marcharam contra a Grécia. No meio da confusão, correram rumores de que o jovem rei tinha sido morto em combate. Demóstenes aproveitou-se da notícia, espalhando-a ao povo ateniense em um discurso que incitava à revolta. Aproveitando-se da empolgação ateniense, Demóstenes enviou armas para Tebas, cidade que guardara a mágoa da carnificina que lhes causara os exércitos de Filipe II, em 338 a.C., na humilhante derrota na batalha da planície de Queronéia.
Enquanto corria a falsa notícia sobre a morte de Alexandre, os exércitos macedônicos aproximavam-se de Tebas. Os tebanos não acreditavam que o comando era do filho de Filipe II. Surpreenderam-se com a rápida chegada das falanges comandadas pelo jovem rei. Alexandre ainda tentou evitar entrar em Tebas, propondo uma negociação onde oferecia promessas de clemência. Pérdicas, comandante da vanguarda do exército macedônico, já em posição de ataque a Tebas, iniciou o combate sem esperar pelas negociações do seu rei.
A resistência heróica dos tebanos fez grandes baixas no exército inimigo, ferindo gravemente o seu comandante, Pérdicas, fazendo tombar muitos arqueiros. Ao ver os macedônios acossados, Alexandre avançou sobre Tebas, esmagando os defensores da cidade. A resistência tebana teve um alto preço, a cidade mergulhou em sangue, em um morticínio que atingiu mulheres e crianças. O sangue correu até nos altares dos templos, considerados sagrados por aqueles povos, matando quem ali se abrigara. Quando Alexandre ordenou que cessasse o combate, seis mil tebanos tinham sido mortos.
O destino de Tebas foi entregue por Alexandre, no dia seguinte ao fim das batalhas, à Assembléia da Liga de Corinto, para que os gregos decidissem o que fazer com a cidade. Inimigos históricos de Tebas, como os focenses, os beócios e os platenses, decretaram que a cidade deveria ser arrasada e que toda a população, incluindo mulheres e filhos, seriam vendidos como escravos, sendo somente poupados os sacerdotes e as sacerdotisas. Diante da decisão, Alexandre pediu para que a casa do poeta Píndaro fosse poupada. Tebas foi transformada em uma grande ruína, causando o lamento e a indignação dos gregos.
Finda a punição aos tebanos, chegara a hora do acerto final com os atenienses. Alexandre exigiu que os atenienses entregassem Demóstenes, Licurgo e Caridmo. Diante de uma possível revolta da população daquela cidade, o rei da Macedônia aceitou que os próprios atenienses julgassem os sublevados, conseguindo com este ato, apaziguar finalmente a Grécia.

Expansão Pela Ásia Menor e Pelo Egito

Quando a tranqüilidade voltou à Grécia, Alexandre pôde finalmente iniciar o seu projeto de expansão sobre a Ásia. O jovem rei achava que a hegemonia do seu reino e dos reinos gregos só estaria assegurada se o perigo que vinha do Oriente, especialmente da Pérsia, fosse eliminado.
Em 334 a.C., o rei partiu no início da primavera, em uma expedição militar rumo à Ásia Menor, atravessando o Helesponto, avançando até o rio Grânico, enfrentando ali, pela primeira vez, os persas, obtendo uma significativa vitória, conquistando a costa e o interior da Ásia Menor.
Após a Batalha de Grânico, Alexandre enterrou os seus mortos. Isentou dos impostos os pais e os filhos dos macedônios que caíram durante a batalha. Mostrou-se humano com os vencidos, ao mesmo tempo em que procurava saber como eles foram feridos, para que assim ampliasse os seus conhecimentos bélicos. Iniciava um diálogo com os orientais, respeitando-lhes os costumes, aprendendo com eles, e, livrando-os do julgo e da cultura persa.
Para ressaltar a vitória, enviou a Atenas trezentas armaduras completas, com a inscrição que afirmava a vitória do filho de Filipe II e dos helenos sobre os povos bárbaros. A cada cidade conquistada da Ásia Menor, Alexandre implantava a cultura helena, exaltando-a como vitoriosa. Ironicamente, os pensamentos gregos eram expandidos pelo mundo por um macedônio.
Em Sardes, cidade da Lídia, os seus habitantes vieram entregar ao rei conquistador os seus famosos tesouros. Para honrar os cidadãos conquistados, Alexandre escolheu um lugar ali apropriado, ordenando que se erigisse um templo em homenagem a Zeus, o senhor do Olimpo, e deus protetor dos macedônios. No meio de uma chuva torrencial, começou a ser erguido o templo onde outrora fora um antigo palácio real de Creso, rei da Lídia. A estátua de Zeus ali esculpida pelos lídios, assumiram, segundo algumas fontes históricas, não os traços famosos do deus, designada pelo escultor Fídias, mas os de Alexandre, o rei vitorioso.
Alexandre seguiu a sua marcha sobre a Ásia. Diante de uma aproximação iminente dos exércitos do filho de Filipe II, Dario III foi ao seu encontro. Em novembro de 333 a.C., a Batalha de Isso deu a vitória de Alexandre sobre o poderoso rei da Pérsia, iniciando o ocaso daquele grande império. Após a vitória, Alexandre seguiu, tomando a cidade de Damasco. Ainda naquele ano, prepararia a conquista da Fenícia e da Síria.
Em 332 a.C., promoveu o cerco a Tiro. Em agosto chegou a Gaza, seguindo para o Egito, sendo sagrado faraó em Mênfis. No Egito, o jovem rei começava o processo de expansão pessoal, assimilando à formação helênica que recebera, a cultura oriental. Nas terras egípcias respeitou os antigos cultos aos seus deuses. No oásis de Siwa, foi reconhecido em seu templo como o filho de Amon e sucessor dos faraós. Ainda no Egito, fundou naquele ano Alexandria, a cidade que se iria transformar em um dos maiores centros de erudição da antiguidade.

Conflito Entre o Ideal Helênico e o Oriental

No ano de 331 a.C., Alexandre voltaria a enfrentar as tropas do poderoso Dario III. Em 1 de outubro, o rei persa seria definitivamente derrotado na Batalha de Gaugamelos, forçando à queda definitiva da Pérsia ante os macedônios.
Alexandre foi conquistando as principais cidades daquela região. Da Mesopotâmia à Pérsia, uma a uma caiu-lhe nas mãos: Babilônia, Susa e Persépolis.
Ao ser derrotado, Dario III fugiu, deixando para trás a família. Ao deparar-se com Sisigâmbis, a rainha-mãe, e com a mulher e as filhas do rei persa, Alexandre viu-as a saudar, por engano Heféstion. Como o amigo intimo do conquistador era o mais alto dos dois, a rainha-mãe pensou que ele fosse Alexandre, ajoelhando-se aos seus pés. Irônico, Alexandre disse à senhora: “Não te enganas, minha venerada mãe, este é Alexandre”, insinuando que Heféstion também era uma parte dele. Alexandre assegurou à rainha que nada aconteceria a ela e aos filhos de Dario, num gesto de comiseração humana.
Em julho de 330 a.C., a fuga de Dario III chegaria ao fim, quando foi morto, não pelas mãos de Alexandre, mas por uma conspiração dos sátrapas, que guiados por Besso, Barsaentes e Nabárzanes, adentraram-se durante a noite na tenda do rei persa, arrastando-o na intenção de levá-lo prisioneiro para a Bactriana, onde negociariam com Alexandre, trocando-o pela paz.
A notícia da conspiração causou tumultos entre os persas, provocando um grande número de sediciosos, obrigando Alexandre a ir ao encalço dos conspiradores, antes que se gerasse uma revolta sem contornos. Quando Alexandre cercou os conspiradores, Besso trespassou o corpo de Dario III com um dardo. Alexandre encontrou o cadáver do grande rei persa, cobrindo-o com o seu manto púrpura. Em seguida, honrou-o como um rei, enviando o cadáver para que fosse enterrado em Persépolis, por sua mãe Sisigâmbis.
Morto Dario III, Alexandre foi proclamado rei da Ásia e sucessor da dinastia persa. O processo de orientalização de Alexandre acentuou-se ainda mais, quando ele passou a usar a tiara persa e a participar do ritual cerimonial da corte oriental. Alexandre deparou-se então, com o conflito entre duas civilizações, a Oriental e a Ocidental, numa separação clara de dois mundos que não se queriam conciliar, e quando o fazia, era através das lanças e das espadas.
Fiéis seguidores do rei começaram a ver com desconfiança a simpatia dele pelos orientais. Não aceitavam que os vencidos fossem tratados com tanta simpatia e benevolência, tão pouco que se lhe impusessem os seus costumes. O ideal grego era considerado pelos exércitos de Alexandre como superior, não podendo ser contaminado pelo ideal oriental. Supostas conspirações chegaram aos ouvidos de Alexandre, sendo Filotas, filho de Parmênion, o principal acusado. Reunindo-se em um conselho de guerra, ficou decidido que Filotas seria executado. Sem direito à defesa, ele foi morto a golpes de dardos e pedradas pelos seus antigos amigos e companheiros de batalhas.
Temendo uma revolta de Parmênion, pela morte do filho, também o destino de um dos mais bravos comandantes dos exércitos de Alexandre foi decidido. Polidamos foi enviado por Alexandre a Ecbátamos com ordem explícita para eliminar Parmênion. Mortos pai e filho, não morreu a visão que tinham dos orientais, considerados por eles bárbaros. Tão pouco o sentimento helênico, sabendo que a sua cultura era difundida não por um grego, mas por um macedônio.
A morte de Parmênion e Filotas abriu uma ferida que jamais foi cicatrizada. Dois anos depois, quando Alexandre oferecia um banquete, Clito, fiel companheiro do conquistador e um dos maiores chefes militares do exército macedônico, não conteve a sua irritação diante do rei, lembrando-o da chacina que vitimara Parmênion e os seus filhos, acusando-o de convidar bárbaros para a sua mesa e matar fiéis companheiros. Movido pela ira, alentada em parte pelo excesso de vinho, Alexandre levantou-se da mesa, empunhando a espada contra Clito. Os demais convidados tentaram impedir o ato insensato do rei, escondendo-lhe as armas. Mas Alexandre não conteve a fúria, tomando a lança das mãos de um guarda, arremessando-a contra Clito, que caiu morto aos seus pés. Ao tomar consciência do seu ato, Alexandre foi acometido de um terrível remorso. Em um impulso, arrancou a lança do corpo de Clito, tentando com ela matar a si próprio. Os amigos do rei impediram que cometesse mais um ato de insensatez, levando-o para o seu leito. Alexandre era conduzido em meio de gritos lancinantes que emitia, acompanhado de um choro compulsivo. Durante três dias ficou junto ao cadáver de Clito, chorando a sua morte.
Outra conspiração envolvendo a condenação à orientalização de Alexandre foi efetuada pelos pajens, assim denominados os filhos dos nobres macedônios quando chegavam à adolescência e eram chamados para começar as suas carreiras, formando um escorte especial do rei em campanha. A revolta foi causada por Hermolau, admirador da filosofia de Calistenes, sobrinho de Aristóteles. Hermolau, ao desobedecer a Alexandre por conta da caça a um javali, foi açoitado por ordem do rei, causando revolta nos amigos pajens. Juntos, decidiram assassinar Alexandre. Descobertos, foram todos lapidados. 
Calistenes, historiador do seu tempo, era um admirador de Alexandre. Não era soldado. Quando chegou a Ásia, revoltou-se com os costumes orientais praticados pelo rei. Heleno convicto, durante um banquete em que Heféstion quis introduzir o cerimonial usado na corte persa, onde todos deveriam se prostrar diante do rei e receber o beijo de gratidão, recusou-se se submeter a tais práticas bárbaras. Foi encarcerado e posto a ferros, morrendo, segundo historiadores, enforcado. Mais uma vez o encontro de duas culturas eram confrontadas, gerando mártires. A morte de Calistenes pôs fim à longa correspondência trocada entre Alexandre e Aristóteles. Talvez fim ao último contacto do imperador com os pensamentos filosóficos do mundo helênico.

O Conquistador Chega à Índia

As conquistas de Alexandre pareciam não ter limites. Quanto mais avançava e estendia as fronteiras do seu império, mais se distanciava da sua terra natal. Seu carisma e triunfo compensavam a longa ausência, fazendo os macedônios um povo fiel ao poderoso rei ausente.
A fama de Alexandre percorria todas as terras. Em Jerusalém chegou a ser identificado com aquele que os livros sagrados profetizaram através de Daniel. Perdoou aos hebreus e prestou adoração ao Deus único, dizendo ter visto os sacerdotes do templo vestidos de branco em sonhos. Poupou Jerusalém, isentou o sétimo ano de impostos e ordenou que se lhe fosse respeitados a crença e os costumes monoteístas. Alexandre tornou-se uma figura mítica no seu tempo, sendo criadas várias lendas em torno da sua personalidade. Muitos identificavam-no com o próprio Aquiles.
Na sua conquista ao mundo, Alexandre atravessou em 329 a.C., o Parapamiso (Hindu-Cuxe). Conquistou a Samarcanda e a Bactriana, conquistando a seguir a Sogdiana, tomando Maracanda. Durante a conquista, conheceria a bela Roxane, com quem se iria casar.
Em 327 a.C. partiu em sua expedição indiana, ultrapassando o Hindu-Cuxe. Seguiu o Indo, atravessando o rio Hidaspes. Às margens deste rio, erigiu Bucéfala, em homenagem ao seu famoso cavalo ali morto. Em 326 a.C. chegou ao rio Hifaso, ou Bias. Após enfrentar grandes batalhas na Índia, completamente esgotadas fisicamente, as tropas do conquistador amotinaram-se, recusando-se a continuar, obrigando-o a retornar. Numa volta penosa, o grande rei desceu o Hidaspes. Venceu os males e os seus aliados, mas foi ferido gravemente em batalha, sendo retirado da luta sob a proteção fechada dos seus homens.
No seu regresso, em 325 a.C. atravessou o deserto de Gedrósia. Durante a passagem pelo deserto, perdeu dez mil homens. Quando chegaram a Pura, pareciam zumbis errantes. Um bacanal em Pura restabeleceu a força das tropas. Alexandre partiu para a Carmânia, inquieto pela falta de notícias de parte da suas tropas comandadas por Nearco. Grande foi a emoção que sentiu Alexandre ao reencontrar Nearco e os seus soldados. Ao vê-los, chorou emocionado, pois já os pensava mortos.
Diante do cansaço e desgaste físico dos seus exércitos, Alexandre retornaria a Persépolis e a Susa. Ao retornar, em 324 a.C., cairia gravemente doente no ano seguinte, não tendo mais tempo de conquistar o mundo. Alexandre, já a esta altura conhecido como o Grande, encerrava abruptamente a expansão do seu império.

Vida Sentimental e Pessoal de Alexandre

Alexandre passou a maior parte da sua vida em campos de batalhas. Pouco tempo teve para viver uma vida pessoal intensiva. Poucos relatos amorosos fizeram parte da sua biografia, sendo oficialmente citados os seus dois casamentos, registrados em documentos históricos. Apócrifos são os relatos do seu envolvimento com homens. Muito que se tem especulado ao longo dos séculos sobre a sua homossexualidade, embora não tenha documento algum do seu tempo que a comprove.
Era um homem vaidoso, de cuidados especiais com a sua aparência. Vestia-se com esmero e luxo. Contrariando os da sua época, trazia o rosto raspado, sem a tradicional barba dos macedônios.
Relatos apontam que aos dezessete anos, Alexandre mostrava-se totalmente apático ao sexo. A mãe Olímpia, recorreu a Calixena, uma cortesã, para iniciar o filho nas artes do sexo. Conta-se que no decorrer da noite, diante da indiferença do príncipe, a cortesã fez-se autoritária, violando-o. Após grande esforço, conseguiu realizar um ato rápido e pouco satisfatório para ambos.
Em 328 a.C., Alexandre tomou como esposa Roxane, filha do aristocrata bactriano Oxyartes. A bela mulher foi capturada pelas tropas de Alexandre durante a conquista da Sogdiana. Muitos relatos afirmam que o casamento do rei macedônio com Roxane teria sido fruto de uma grande paixão. Outros acreditam que não passou de um ato político, com o qual Alexandre consolidava o seu poder no Oriente, unindo oficialmente as culturas helênicas e orientais. Roxane foi quem gerou o único filho do grande rei, Alexandre Aigos, nascido postumamente na Babilônia, em 323 a.C. Na disputa pela herança do império de Alexandre, Roxane e o filho ficaram sobre a proteção da rainha-mãe Olímpia, mas quando esta foi morta, em 316 a.C., os dois tiveram a sorte selada, sendo ambos assassinados em 309 a.C.
Um suposto amor vivido entre Alexandre e a rainha Cléofis de Massaga é rejeitado pela maioria dos historiadores. Jovem de rara beleza, Cléofis teria gerado um filho de Alexandre, chamando-o pelo nome do pai. O episódio é obscuro, sem que se apóie à veracidade histórica, sendo visto com uma lenda.
Em fevereiro de 324 a.C., Alexandre retornou a Susa, sendo recebido com festas e grande solenidade. Ali decidiu tomar uma segunda esposa. Optou por Estatira, a filha mais velha de Dario III, seu velho inimigo. Dripetes, a filha mais jovem do falecido rei persa, foi dada em matrimônio a Heféstion, o favorito de Alexandre. Num ato político, Alexandre ordenou que os seus soldados macedônios tomassem mulheres persas como esposas. No dia do casamento de Alexandre e Estatira, dez mil soldados gregos também se casaram com mulheres persas. Estatira, a segunda esposa do rei macedônio, não passou de um grande jogo político nas mãos do marido, que consolidava o seu império na Pérsia.
Outro personagem obscuro na vida de Alexandre seria o eunuco Bagoas, um cortesão persa, segundo alguns historiadores, um dos amantes preferidos do grande imperador. Bagoas teria tido grande influência sobre Alexandre em relação às atitudes favoráveis aos persas. Ter um eunuco como amante não era considerado entre os antigos um ato de homossexualismo, visto que os eunucos eram tidos sexualmente como mulheres.
Mas o companheiro de toda a vida de Alexandre teria sido Heféstion Amintoros, filho de Amíntor, um aristocrata da Macedônia. Heféstion teria tido Aristóteles como professor. Acompanhou Alexandre em toda a sua campanha pela Ásia, combatendo na cavalaria. O amor homossexual entre homens era uma prática na Grécia antiga, sendo aceito entre um homem mais velho e um jovem. Alexandre e Heféstion eram da mesma idade, o que fazia dos dois uma diferença aos costumes. Era costume aos homossexuais gregos a visita ao suposto túmulo de Pátroclo, companheiro inseparável de Aquiles. Numa visita a Tróia, Alexandre teria induzido Heféstion a visitar aquele túmulo com oferendas, enquanto ele fazia uma oferenda ao túmulo de Aquiles. O ato revelava ao seu exército de soldados a verdadeira face da amizade viril entre os dois. Esta passagem da vida do rei macedônio foi a que mais gerou o debate da sua suposta homossexualidade. Muitos são os relatos que afirmam ter sido Heféstion a pessoa que o grande rei mais amou em vida.
Apesar de toda especulação em torno do relacionamento entre Heféstion e Alexandre, em que se deduz que ambos foram amantes, a suposição jamais foi citada pelas fontes históricas mais antigas, sendo a citação ao fato atribuída a uma carta de Diógenes de Sinope, em que afirmava que Alexandre jamais seria capaz de deixar Heféstion, visto estar preso a ele pelas coxas.
Alexandre conferiu grandes poderes a Heféstion, fazendo dele o segundo homem do seu imenso império. Ao casá-lo com Dripetes, tornou-o seu cunhado. Na primavera de 324 a.C., Heféstion deixou Susa, acompanhando Alexandre até Ecbátanos, aonde chegaram no outono. Ali, Heféstion caiu gravemente doente, com sintomas de febre tifóide, apesar das suspeitas de envenenamento. Viria a morrer subitamente em sete dias. Alexandre quase enlouqueceu ao saber da morte do amigo. Em desespero, cortou os cabelos e as crinas e os rabos dos cavalos do exército, além de mandar executar Glaucias, o médico que atendera Heféstion. Em sinal de luto, Alexandre proibiu o toque de flautas no acampamento. Ficou esticado em cima do cadáver do amigo todo o dia e toda a noite. Durante o funeral, Alexandre pôs uma mecha dos seus cabelos nas mãos do companheiro, levando todo o exército às lágrimas.
Em meio aos eventos fúnebres, o rei massacrou os revoltosos da tribo dos Cosseanos, chamando a vitória de Sacrifício Fúnebre de Heféstion, repetindo a fúria de Aquiles quando vingou a morte de Pátroclo. Alexandre celebrou jogos fúnebres em homenagem ao amigo morto, determinando que ele deveria ser adorado como um herói divino. Guardou luto por meses. Alexandre ainda erigia um grande monumento funerário em homenagem a Heféstion, quando ele próprio foi acometido de uma febre mortal ao se encontrar em Babilônia.

A Morte de Alexandre, O Grande

Após a morte de Heféstion, Alexandre retornou à Babilônia, lá chegando na primavera de 323 a.C. Mesmo de luto, profundamente abatido pela morte do amigo, ele não desistiu da obstinação de conquistar o mundo. Em Babilônia ele traçou planos para conquistar a África e a Arábia, iniciando os preparativos de uma grande expedição que jamais se iria concretizar.
Alexandre desejava sair de Babilônia em breve, partindo rumo à península Arábica e ao norte da África. Durante o tempo que permaneceu na cidade, iniciou a construção de uma grande pira em homenagem a Heféstion, conclamando o início dos grandes jogos fúnebres.
Ainda na Babilônia, encontrou com uma grande embaixada helênica, além de incorporar aos seus exércitos mais vinte mil soldados persas. No mês de maio de 323 a.C., deu a ordem para que se celebrasse os funerais de Heféstion. Parte das muralhas de Babilônia foram derrubadas para que se construísse o grandioso edifício da pira, que resplandecia de ouro, prata e esculturas de bronze e mármore, custando doze mil talentos. Cânticos fúnebres em homenagem ao morto foram entoados por coros. Ao atear o fogo, Alexandre fez a libação ao amigo, elevando-o à categoria de herói divino. Dez mil touros foram sacrificados e distribuídos a todos, num grande banquete em memória a Heféstion. Foi a última festa grandiosa celebrada por Alexandre.
Na noite de 18 daesios (3 de junho), Alexandre voltou ao palácio, após ter comido e bebido muito. Após banhar-se, começou a sentir uma forte febre. Desde então, a sua saúde foi debilitando consecutivamente. Durante os três primeiros dias que foi consumido pela febre, Alexandre não se deixou abater. Foi sempre levado de liteira ao templo, onde fez sacrifícios aos deuses. Reuniu-se com os seus oficiais, confirmando a intenção de partir em expedição para a Arábia e para a África. Ainda no dia 21 daesios, após os banhos, continuava a ter febre, ainda assim, chamou os comandantes dos navios, recomendando-lhes que se apressassem nos preparativos para a grande expedição. No fim daquela tarde, após outro banho, o seu estado febril agravou-se.
Já bastante debilitado, no dia 22 daesios, celebrou com dificuldades sacrifícios aos deuses, reuniu-se mais uma vez com os oficiais, nomeando alguns cargos que faltavam no exército e para traçar as últimas medidas da campanha naval. A partir de então, já não conseguiu dar novas ordens. Piorava a cada hora. No dia 25 daesios, foi trazido dos aposentos do jardim para o palácio. Já não tinha voz, sendo tomado pela febre cada vez mais violenta. No dia seguinte, os soldados macedônios cercam as portas do palácio, na esperança de ainda ver com vida o seu rei. Aos gritos, a usar a força, conseguiram que se lhe abrissem as portas, e, um a um, sem armas e armaduras, desfilaram em túnica em frente do grande rei, que jazia mudo no leito, sem forças. Alexandre reuniu as últimas forças e levantou a cabeça a cada um dos seus soldados, acenando-lhes com os olhos. No dia 28 daesios, ou 13 de junho de 323 a.C., morria Alexandre, o Grande, acometido de uma grande febre, provavelmente em conseqüência de uma malária.
Durante o tempo em que esteve no leito de morte, vários foram os relatos que pontuaram aquele momento dramático. Um deles conta que, já tendo a certeza do fim, Alexandre pediu a Roxane a ajuda em um plano: quando desse o último suspiro, fosse o seu corpo atirado secretamente nas águas profundas do rio, para que os seus soldados e o povo pensassem que os deuses o haviam raptado. Roxane, então grávida do seu herdeiro, recusou cumprir a vontade do marido, deixando-o morrer não como um deus, mas como um simples mortal.
Alexandre, ainda no leito de morte, teria escrito uma carta a Olímpia, sua mãe:
Teu filho, depois de ter contado alguns instantes de vida, vai ser presa da morte; ele se dissipa como um relâmpago e só deixa depois de si um tema de conversação para as gerações futuras.”
Alexandre morreu um mês antes de completar 33 anos. Durante os treze anos do seu reinado, construiu um império que dominou quase todo o mundo da sua época. Passou a maior parte do reinado longe da Macedônia, a expandir o grande império em que foi rei absoluto. Muitos anos longe do mundo helênico onde foi gerado e onde se formou os seus princípios políticos e intelectuais, foi inevitável que adquirisse visões das terras orientais as quais conquistou, demonstrando concretas influências, sendo por isto criticado e acusado de traição ao helenismo por parte dos seus mais influentes generais e súditos.
O grande império de Alexandre não lhe sobreviveu, sendo dividido entre os seus generais, que entraram em discórdia tão logo ele morreu. A importância deste império efêmero foi vital para a história do Ocidente. Alexandre evitou que o poderoso império Persa ultrapassasse as fronteiras da Ásia Menor e dominasse a Grécia e, conseqüentemente, a Europa, na época ainda um berço de civilizações incipientes e atrasadas. O domínio persa certamente destruiria os princípios helênicos, fundamentais para a construção moral e ética da civilização ocidental. Ao fazer ruir o império persa, Alexandre voluntária ou involuntariamente, assegurou a sobrevivência da civilização grega, a helenização do judaísmo, abriu as portas para o grande e helenizado império romano, que por sua vez, concretizaria o cristianismo, formando os conceitos morais da atual civilização ocidental.
Não se sabe até onde iria Alexandre, se não tivesse morrido ainda longe de atingir a maturidade dos anos. Se ampliaria ainda mais o seu império, ou mesmo se o iria conseguir manter por mais tempo. Sabe-se apenas, que na história da civilização ocidental, poucos conquistaram tão grandioso império como ele, poucos foram tão longe. Nenhum foi o Grande, como Alexandre.

https://www.youtube.com/watch?v=SAkA86L_sqI