Cartas que Henrique escreveu para Ana Bolena [3º e última Parte]
A violência da paixão de Henrique VIII por Ana Bolena é comprovada pela sequência de cartas de amor que ele escreveu para ela. Todas são manuscritas. Ao todo, existem 17 cartas As respostas de Ana Bolena às cartas desapareceram por completo. Sem dúvida- uma vez mais por motivos de segurança – o rei destruiu-as. Como foi dito, as cartas foram traduzidas do francês para o inglês, e depois eu* as traduzi do inglês para o português. Com isso, é claro que muitas palavras tiveram sentidos mudados ou tenham tido interpretações diferentes.
Querida,do fundo do coração eu me entrego a você, lhe confirmando que não estou um pouco perplexo com tais coisas que seu irmão há de dizer a você em meu nome, para o qual eu rezo, você acredite, pois era muito para escrever. Em minhas últimas cartas eu escrevi para você que acreditava que a veria em breve, o que é mais conhecido em Londres do que qualquer outra coisa sobre mim, onde quer que eu não fosse eu não estaria nem um pouco assombrado; mas a falta de movimentação discreta necessária podem ser a sua causa. Não mais para você neste momento, mas eu confio que em breve nossos encontros não deverão depender de entregas discretas de outros homens, mas de nossas próprias.Escrito pela mão daquele que anseia em ser seu.H.R.
Minha doce amiga. Esta é para dizer-vos o grande tormento que sofro desde a vossa partida, pois eu vos firmo que o tempo me parece agora mais longo do que me eram antes duas semanas inteiras. Eu penso que a vossa bondade e o zelo do meu amor são a causa disso, porque de outra forma não acreditaria que uma breve ausência me pudesse dar tanta pena. Mas agora que venho ao vosso encontro,a minha dor quase desapareceu, e estou também todo reconfortado pois hoje passei mais de quatro horas a trabalhar no meu livro, feito essencialmente para expor a minha opinião, o que me obriga a escrever-vos desta vez mais brevemente porque tenho um pouco de dor de cabeça.Com o desejo de estar (especialmente de noite) nos braços da minha querida e de beijar dentro em pouco os seus lindos seios, escrita pela mão daquele que foi, é e sempre será por sua vontade sempre vosso.H.R.
Querida, apesar de eu ter raros tempos livres, eu ainda me lembro de minha promessa, e eu pensei que fosse conveniente certificar-te brevemente aonde que andam os nosso assuntos. Tocando no assunto de um alojamento para você, nós temos um usado pelo meu senhor cardeal, igual a um não poderia ser encontrado aqui, assim como o entregador há de lhe mostrar. Tocando nos outros assuntos, eu te asseguro que nada mais pode ser feito, nem mais diligência utilizada, nem todos os tipos de perigos melhor previstos e munidos, de modo que eu confio que logo serão para o nosso conforto, as especialidades da quais são muito longas para serem escritas, e dificilmente declaradas pelo entregador. Portanto, até você se dirigir para aqui perto, eu mantenho algumas coisas no armazém, confiando que não serão por muito tempo, porque eu suponho que mylorde, seu pai, faça suas provisões com rapidez. e assim por falta de tempo, querida, eu faço um fim de minha carta, escrita com a mão daquele que é seu,
O pedido razoável de sua última carta, também com prazer que eu levo para entender que elas são verdadeiras, leva-me a enviar esta carta. O Legado que tanto desejamos, chegou a Paris domingo ou segunda-feira passada, de modo que espero saber segunda-feira próxima de sua chegada a Calais, e então espero dentro de um tempo aproveitar o que eu por tanto tempo ansiava, pela graça de Deus e nosso conforto. Não mais para você agora, minha querida, por falta de tempo, mas eu queria que você estivesse em meus braços, ou eu nos seus, porque parece-me tanto tempo que não vos beijo. Escrita depois de ter matado um cervo, às onze horas em ponto, na esperança de poder, com a ajuda de Deus, matar outro amanhã. Pela mão daquele que, espero, será em breve vosso.H.R.
Quero dizer-vos quanta alegria sinto sabendo que cedestes à razão e com o freio desta reprimistes todos os vossos inúteis pensamentos e vãs fantasias. Asseguro-vos que todos os bens do mundo não valeriam para mim a satisfação que me dá esta notícia e certeza. Por isso, minha boa amiga, continuai assim, não só nisso, mas em tudo que fizerdes de agora em diante, porque daí advirá para nós ambos a maior tranquilidade que possa haver no mundo.A razão pela qual o entregador demorou tanto, é por causa dos apetrechos que estou enviando para você, e, que eu acredito, não demorarão muito para que você os use, o que será a recompensa suficiente para mim por todas as minhas dores e trabalho. A falsa enfermidade deste bem – acaso o legado retarde um pouco o acesso à sua pessoa; mas eu acredito verdadeiramente, que quando Deus enviar-lhe saúde, ele irá com diligência recompensar a sua dúvida. Pois eu sem bem onde ele tem dito (tocando no ditado e boato que diz que o pensamento dele é imponente) será conhecimento pela questão de que ele não é imponente, por falta de tempo, querida, me despeço de você.Escrito pela mão daquele que seria de bom grado seu, assim como seu coração,H.R.